Eu fui a Fátima a pé
Daqui fala a Osa, mas qual delas...
Faz hoje catorze ou quinze anos que estava a chegar a Fátima.
(por mais que me esforce não me consigo lembrar qual dos anos foi, 2002 ou 2003)
Não era a primeira vez, aliás desde que me lembro ia lá todos os anos com os meus pais em Agosto.
Mas desta vez era diferente.
Tinha embarcado numa das maiores aventuras da minha vida.
Ir a Fátima a pé!
Percorrer mais de 250 quilómetros, durante 6 dias.
Mas vamos começar pelo inicio!
Eu venho de família católica e alguns dos elementos da família do meu Pai são muito crentes em Nossa Senhora de Fátima.
Nomeadamente os dois irmãos mais velhos do meu Pai.
Desde que me lembro eles iam todos os anos ( até mais do que uma vez por ano) a Fátima a pé.
Houve um ano em que foi a vez do meu Pai.
Ele foi com o grupo do meu tio Francisco.
Ele prometeu e cumpriu.
Mas ele disse que foi difícil, mas conseguiu.
Nós fomos lá ter de Autocarro com ele.
Isto para vos contextualizar sobre a minha vontade e curiosidade deste grande feito, ir a Fátima em peregrinação.
Sempre disse que gostava de ir mas sem promessa, ir só pela experiência.
Mas sempre com muita fé, a minha fé!
Fui com um grupo de Guimarães, em que apenas conhecia duas pessoas, mas isso para mim não era problema, sou bastante sociável e adapto-me facilmente a ambientes e pessoas diferentes.
Eles tinham um hábito diferente de muitos dos grupos. Faziam os primeiros quilómetros (Guimarães-Santo Tirso) uns dias antes e voltavam para casa. Depois no dia que realmente saíam em peregrinação já se arrancava do ponto que tinham parado, neste caso era Santo Tirso.
No ano que eu fui não foi excepção e foi assim também. Eu como sou de Vizela, decidi ir de minha casa até ao ponto de intersecção com Guimarães e assim a minha peregrinação era de minha casa. A minha mãe fez-me companhia nos cerca de 4 quilómetros
Este grupo também tinha outra particularidade, caminhavam durante a noite.
Sim, é mais perigoso! Mas correu tudo bem, graças a Deus!
O que mais me custava era que eles queriam fazer as refeições e depois ir descansar...eu com a barriga cheia não gosto muito de dormir a seguir...por isso posso dizer que essa foi das minhas grandes dificuldades, não conseguia dormir e andar toda a noite com sono não é bom! Mas fez-se.
Não fiz nenhuma bolha nos pés, acreditam?
E querem saber qual o meu segredo?
Pensos higiénicos minha gente!
Colocava antes de iniciar marcha, um penso em cada sapatilha, para amortecer melhor as passadas.
E foi uma dica de um homem, agora pensem
Não me lembro da marca, caso queiram saber!
O grupo era constituído maioritariamente por pessoas com idade superior aos 35 anos, eu tinha os meus belos 22 aninhos e mais novo que eu ia o Pedro, que tinha acabado de entrar para a Universidade.
Íamos quase sempre a conversar e por vezes até cantávamos... depois levávamos com uns olhares reprovadores dos mais velhos. Ainda se "pensava" que teríamos que ir em silêncio em profunda abstinência de alegria...os peregrinos são sisudos, era a mensagem que nos queriam passar!
Bullshit!!
A gente "esgueirava-se" um pouco do grupo e levávamos a "nossa" adiante.
Não tenho uma única fotografia para comprovar que fui, mas as memórias estão cá (algumas perderam-se confesso).
Por exemplo:
- a dificuldade de calçar as sapatilhas no segundo dia;
- os pratos gigantescos de comida às refeições (eu devorada tudo);
- as gargalhadas que dei ao ver a "ignorância" de algumas colegas de quarto ao lidarem com telemóveis ( a era digital ainda no seu começo );
- o cansaço dos últimos quilómetros (já com algum desespero);
- a chegada ao santuário (que EMOÇÃO tão grande e ainda por cima tinha lá os meus Pais à minha espera);
- e por fim, de dormir 16 horas seguidas quando finalmente fomos para a residencial já em Fátima (ficamos lá até dia 13).
O texto já vai longo, mas ainda há algo que gostaria de dizer.
Primeiro, dizer que gostava de voltar a repetir a proeza, mas desta vez da minha actual residência (é metade do caminho ).
Segundo, peregrinos de "hoje" Vão Com CUIDADO Por Favor. já vi tanta asneira este ano, Jasussss. Os condutores têm que abrandar, mas vocês têm que facilitar para que tudo corra bem.
Um grande Bravo para a iniciativa em Águeda, para ajudar na segurança dos peregrinos. Que mesmo sendo aconselhados pelo melhor caminho, houve quem ignorasse e se colocasse em perigo só para ir mais rápido um ou dois metros...eu vi, ninguém me contou!
Mas infelizmente há coisas que nunca vão mudar, por mais Informadas que as pessoas estejam.
Resta-me desejar a quem ainda não terminou a sua peregrinação, que termine em segurança!
E a quem se quiser aventurar nesta peregrinação, tenham sempre em atenção os perigos da estrada.
Nossa Senhora de Fátima nos proteja.
P.S - Correção dos quilómetros de 130 para 250...sou mesmo péssima com medidas!!
P.S 2- Imagem retirada da net.